Sexta-feira passada o Paraná Clube abriu a décima rodada do Campeonato Brasileiro, perdeu em casa pelo placar mínimo para o lanterna do campeonato (América-RN) e com isso, a oportunidade de seguir na ponta da tabela tendo, com o tropeço inadmissível, saído pela primeira vez da zona de classificação à Libertadores.
O “descuido” ainda não foi devidamente assimilado pelo torcedor paranista que começa a se preocupar com os discursos oportunistas e nada convincentes de alguém que parece não conseguir entender, ou pior, aceitar o que está ocorrendo.
Pintado zomba do seu torcedor quando diz que “gostou da atuação do time”, não aceitando as críticas, muito bem fundamentadas, daqueles que acompanham o Paraná no dia-a-dia.
O torcedor paranista não entende os fundamentos e critérios de seu comandante que, embora demonstre estar a cada dia mais perdido, não aceita tal fato, utilizando-se de jargões gastos e nada convincentes, colocando na “sorte”, aliás, na falta dessa, a conta dos reiterados erros.
Na verdade quem paga pelas falhas de escalação são alguns jogadores, principalmente os já desgastados que, em atuando em funções diferentes, não conseguem render e assim, caem na “desgraça” frente os aficionados da agremiação. O Paraná precisa mudar, caso contrário não conseguirá ir longe face os delírios e empáfia de seu comandante.
Num campeonato disputado, fazer o fácil, o correto, o “feijão com arroz” soa difícil, ainda mais para quem vem com palavras bonitas e um “falso motivadorismo”, acreditando ter uma qualidade ainda não adquirida, talvez, alheia ao próprio potencial. Num mundo de “pangarés”, o pior burro é aquele com iniciativa.
É durante a semana que um treinador de verdade, comprometido e inteligente testa suas idéias para uma eventual formação. Num jogo válido, valendo três pontos, apenas o melhor de uma agremiação deve estar presente.
Considerações iniciais...
Pintado entrou contra o lanterna teoricamente com uma escalação ofensiva onde apenas contava com um volante. Mesmo assim, o que doutrinariamente se pretendia não se configurou na prática, por motivos que qualquer um que acompanha o time já saberia.
Beto há tempos não consegue, mesmo com outro volante ao lado, efetuar uma eficaz proteção à zaga; no entanto, coube ao capitão, sozinho, proteger os defensores sem o apoio dos laterais, inócuos na partida, aliás, Alex, desde seu retorno não vem bem atuando e Márcio Careca, pela esquerda, vem em clara queda.
A Renan, um jogador dispensado por time de segunda divisão, coube o “papel” de segundo volante. Na verdade, ele não atuou dessa forma mas sim como meia; logo, não lhe pode ser cobrada uma convincente atuação por ter atuado em função diversa mas por, na função originária, pouco ter contribuído.
Flávio falhou de novo... é o canto do cisne se fazendo presente, aliás, o “rugido da pantera”....
Josiel esteve sozinho já que Vina Pacheco e Vandinho foram preteridos da escalação inicial por Pintado, e Lima, que voltou ao time, enquanto esteve em campo, atuou bem mas foi prejudicado pelo “esquema”.
O jogo...
Com a responsabilidade de seguir na ponta da tabela o Paraná foi pra cima e esbarrou na retranca armada por Marcelo Veiga que visava claramente retornar à natal com um ponto na bagagem.
O Paraná, com uma bela atuação de Lima na primeira etapa, buscava o gol mas, face à irritante má apresentação dos dois alas, não conseguia ofensivamente nada produzir, até porque Odirlei, Ney Santos e Édson Borges revezavam-se adequada e corretamente na marcação dos avantes paranistas, fazendo com que ambos saíssem muito da área.
Renan pouco apareceu e precipitou algumas oportunidades, Everton, caindo à esquerda e atuando mais adiante de onde melhor rende, pouco apareceu.
E assim, buscando o jogo de forma estéril, o Paraná saiu para o intervalo deixando o torcedor nervoso pela pouca ofensividade apresentada.
Veio o segundo tempo e...
Pintado saca Lima, um dos melhores na primeira etapa e coloca Vandinho, que bem atuou enquanto se posicionava à frente. Após, numa inteligente tentativa de buscar uma solução que Zetti utilizara na Libertadores, Pintado sacou Márcio Careca e colocou Vina Pacheco pela esquerda, no entanto, a “troca” teve outro objetivo, tendo ido o zagueiro Luís Henrique para atuar como ala pela esquerda, à exemplo análogo mas nada adequado, de como tinham feito Muricy Ramalho e Dunga na semana passada.
Pacheco deu maior mobilidade mas esbarrava na retranca do América que, aproveitou um contra ataque após falha no setor esquerdo paranista e fez seu gol, com o avante Arlon aos 12´ da etapa final, em novo lapso de Flávio.
Aí o jogo mudou e o Paraná que nada conseguia fazer adiante ficou ainda mais nervoso. No primeiro tempo o tricolor precipitava tentando fazer o segundo gol antes do primeiro. Depois da vantagem do rival, o nervosismo ficou latente, principalmente quando Pintado sacou Alex para a entra da Gérson e “inventou”, numa alquimia indevida, um padrão de jogo que apenas descaracterizou mais ainda o jogo paranista.
E o mandante por pouco não sofreu mais gols em contra-ataques.
Nem cabe comentar a atuação de Wagner, que não deu duas penalidades para o tricolor em claras intervenções manuais dentro da área, por defensores do visitante; time que objetiva a classificação à Libertadores não pode perder pontos em casa.
O jogo contra o Figueirense deverá ser o último para que Pintado demonstre seu trabalho e não seus devaneios táticos inócuos; em caso de novo tropeço ou mesmo de vitória não convincente, o “ente Paraná Clube” deve promover mudanças coerentes visando o restante da campanha.
Local: Estádio Durival Britto e Silva, em Curitiba-PR.
Árbitro: Wagner dos Santos Rosa (RJ)
Auxiliares: Marcos Tadeu Peniche Nunes (RJ) e Avelino Menezes Pimentel (RJ).
Cartões amarelos: Alex e Daniel Marques (Paraná); Ney Santos, Marquinhos e Arlon (América-RN).
Gol: Arlon, aos 11 minutos do segundo tempo.
Paraná – Flávio; Daniel Marques, Neguette e Luís Henrique; Alex (Gérson), Beto, Renan, Everton e Márcio Careca (Vinícius Pacheco); Josiel e Lima (Vandinho). Técnico: Pintado.
América-RN – René; Ney Santos, Odirlei e Edson Borges; Eduardo, Marquinhos, Marcos Alexandre (Márcio Goiano), Souza e Marcinho; Paulo Isidoro (Leandro Sena) e Arlon (Frontini). Técnico: Marcelo Veiga.