quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Brilho nos olhos

Sentado à frente do micro visando escrever minha coluna semanal para a Paran@utas, não conseguia encontrar, após a “Avalanche”, uma linha de raciocínio que me permitisse discorrer acerca do que fora, do que representara para mim tal evento.

Como conseguir colocar em palavras todos aqueles sentimentos, todos os passos, os cumprimentos de desconhecidos; o semblante das pessoas surpresas com o “ato paranista” inesperado?

Como descrever aquelas inesquecíveis lembranças sem recorrer a uma égide piegas? Como corretamente descrever os rostos, as emoções dos paranistas que, vendo o evento, saíram das lojas e prédios para cantar o hino do clube, endossando o coro dos seus pares que integravam a Avalanche?

Tinha, até esse momento, a preocupação de não faltar com nenhuma emoção; o compromisso de, zelosamente, transcrever as imagens guardadas na retina, os sentimentos do coração, ou mesmo as vozes que até então desconhecia mas que soaram tão familiares, em face do “sentimento comum”.

Recordo-me de uma senhora, morena, humilde, bem acima do peso, que, de longe vi comendo pipocas e que, ao ver a multidão, largou o saquinho e passou, com um brilho nos olhos, a entoar o hino paranista, levantando-se e aplaudindo o movimento, a entidade e, certamente, os participantes.

Enquanto passava por ela, senti novamente emoção idêntica àquela quando me aproximava da “Boca maldita”. Lembremos que, em 2006, apenas catorze paranistas cumpriram o acordo e compareceram no mesmo local, para comemorar a belíssima temporada e a classificação inédita à Libertadores.

No sábado, dia quinze próximo passado, ao me aproximar do "ponto de encontro", de longe, ouvi cantos e vi cores tão familiares que, confesso, fizeram com que meus olhos também brilhassem.

Muitos acompanharam como puderam. Alguns por algumas quadras, outros por singelos metros, o suficiente para que tivessem da Avalanche participado e assim, fizessem, a seu modo, história.

Mas, como explicar o sentimento que atingia a todos os participantes quando um carro, no trânsito, passava acenando e buzinando, identificando-se também como tricolor?

Ah, drama! Como escolher um único item para começar a desenvolver o texto? Como não falar do rosto do Celso, do Romano correndo como criança com uma bandeira paranista nas mãos, do Conrado na cadeira de rodas acompanhando o cortejo, sendo levado pelo Gabardo. Como não citar os amigos militantes da crônica como o Sérgio, o Nello, o Luxa e o Rodrigo? Como não falar do Vigo, do Fera, do Toni, do Alan, do Grass, da Helen, do Aryon, do Tales, do DK, do Carlinhos, do Nardi, do Tuca, e até da Andy que, mesmo ausente, fazia-se presente, simultaneamente em Buenos Aires, no ponto mais tradicional da cidade com o manto tricolor?

Como lembrar de todos? Como não falar do Didio, do Leandro, do Schumacher (“culpado” no bom sentido pela Paranautas, juntamente com o Wilson)? Como não falar do Greyson ou do Casinha? Como não falar do sentimento vivido quando nossa bandeira, aquela que esses abnegados se uniram para comprar e homenagear a entidade, fora hasteada?

Como esquecer do momento em que o Comando Sul, dos degraus da entrada de "fora da curva", fizeram sua coreografia, cantando nosso Paraná Clube?

Assim, perdido entre tantas lembranças, não encontrava um “norte” para começar a escrever. Desliguei o micro e saí fazer outras coisas, afinal, precisava ir ao banco, ao mercado, etc... mas a cabeça... ah a cabeça!!!

Resido próximo à Vila e, saindo dum banco próximo ao Mercado Municipal, dobro à esquerda para seguir com meus afazeres quando vejo, sob um claro e limpo céu, a bandeira bicolor, tremulando imponente bem à minha frente, como se o dia tivesse sido feito somente pra ela. Lembrei-me de todos os acontecimentos acima brevemente relatados, dos eventos, dos amigos, das frases, dos cantos e do porquê tudo aquilo tinha ocorrido e, novamente, com brilho nos olhos, adiei a consecução de minhas tarefas pessoais e corri para que tal inspiração não fugisse.

Que os cento e setenta e três paranistas que contei na Vila Capenema, ao final da Avalanche, sejam ainda mais em 2008, comemorando o retorno do tricolor ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Que nossos dirigentes pensem mais na entidade do que na oportunidade em “fazer futebol”. É hora de fazermos Paraná Clube, assim, a bandeira bicolor, de cores tão vivas, sempre seguirá, soberana, simbolicamente mostrando a todos que somos o fruto de luta e união; afinal, se nascemos gigantes, temos o compromisso e a responsabilidade de assim sempre permanecer e, seguramente, com pessoas como as citadas, e com os presentes (desculpem-me, novamente, caso tenha esquecido alguém), sempre teremos, amparados no nosso passado, olhos brilhantes, para um belo futuro.

FORÇA TRICOLOR!


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