segunda-feira, 3 de setembro de 2007

São Paulo 6 x 0 Paraná Clube

Sábado passado o líder São Paulo enfrentou o Paraná Clube no Morumbi, naquele que prometia ser o duelo entre o artilheiro do campeonato e a melhor defesa da competição.

A vitória são-paulina era esperada por muitos, no entanto, o placar do aludido embate surpreendeu a vários "entendidos" de futebol por vários motivos.

O Placar final do jogo, de 6 a 0, foi a maior goleada no certame até agora e a maior imposta à equipe paranaense na sua história. Para a partida valeria a brincadeira do "três vira e seis acaba", no entanto, o placar demonstra não o que ocorreu efetivamente em campo (até porque a arbitragem equivocadamente não marcou duas penalidades para os mandantes na primeira etapa). Explico melhor... o São Paulo não fez nada de extraordinário, seus avantes estavam numa tarde de rara felicidade, tendo acertado chutes difíceis. Dos poucos chutes feitoa à meta de Flávio, seis entraram; três de longa distância e os demais sem qualquer marcação.

O São Paulo não jogou bem mas aproveitou todo o espaço que os paranistas, permissivamente, concederam.


O JOGO

A partida começou de forma interessante; ambor tricolores, bem postados, estudando o oponente. Os mandantes assumiram a iniciativa ofensiva e o visitante não parecia disposto a ceder os pontos facilmente... não parecia...

Após a correria inicial, no entanto, um problema recorrente paranista se fez presente, e aqui, para uma melhor noção do panorama, se fazem necessárias algumas considerações.

O Paraná Clube vem atuando no 3-5-2 desde a época de Pintado, ocorrendo o mesmo com Kleina. Com tal formação, o time de Curitiba saiu da liderança do certame para as últimas posições, visto que, assim, seus alas pouco rendem e, com o meio formado por Beto e Adriano, não existe proteção à zaga (desfalcada de Nem e Luís Henrique).

Normalmente, pessoas inteligentes e que querem corrigir suas falhas, aprendem com os próprios erros; tal máxima não ocorre nas bandas paranistas que, quando adotou o 4-4-2 nas últimas partidas, dominou os confrontos, tendo vencido o juventude e recuperado, por duas vezes o placar contra o Cruzeiro. As últimas atuações paranistas demonstram que Toninho e Alex não têm condições para atuar na primeira divisão, que Daniel Marques não atravessa uma fase boa e que Beto e Adriano juntos nada rendem, apenas deixam burados que podem ser inteligentemente explorados. Pessoas inteligentes sabem ainda que não se promove a estréia de um jogador sem condições físicas de jogo, fora de casa, contra o líder de campeonato. Apesar de todos esses "fatores", Sandri, embuído de "Kleina", foi pro jogo dessa forma e o resultado não poderia ser diferente daquele cujo risco, pretensa e quivocadamente assumira.

Voltando à partida, o São Paulo, pouco agredido, passou, a partir dos cinco minutos iniciais, a dominar a posse de bola. Num determinado lance, Toninho perde o equilíbrio em disputa com Aloísio e vergonhosamente cai na área, colocando a mão na bola. O "homem de preto" nada marcou e ainda deu falta inexistente do são-paulino sobre o defensor (?!) paranista.

A seguir, o mesmo Aloísio com um belo chute de longe de fora da área, superou facilmente Toninho e abriu o marcador aos 27min. Após o gol o Paraná deixou sua inicial orientação, "saiu" para o jogo, deixando espaços e viu o mandante ampliar com Dagoberto, aos 33min, após bela jogada, sem nenhuma marcação "em cima".

A ordem paranista parecia mesmo a de marcar à distância, sem comprometer o domínio de bola dos mandantes. Numa jogada pela direita, após lance duvidoso pela esquerda, Beto faz penalidade, novamente não marcada pela arbitragem.

Assim, com total permissividade de Adriano, Beto, Toninho, Élvis e Neguette (os mestres de cerimônia tricolores), Souza, numa jogada cuja passividade de marcação não seria tolerada nem nas "pelas de sábado", faz fila e, aos 37min, marcou com toque sutil na saída de Flávio.

Pane geral na equipe de Curitiba! Veio o intervalo e Sandri promoveu mudanças, que deveria ter feito quando na escalação incial, abandonando o 3-5-2, assumindo o 4-4-2, com três volantes.

Sandri preferiu não entender que o problema não residia apenas na saída de Toninho e Adriano. A opção inicial foi totalmente equivocada. Com Élvis, sem condições físicas na esquerda, com Alex e Daniel Marques mal e sem que a bola chegasse a Éverton, Josiel e Vandinho, o tricolor penas remendava algo que começou errado.

Batista ao menos dava combates. Vandinho, Josiel e Éverton, face à apatia dos alas e volantes, seguiam retornando atrás da intermediária para buscar jogo.

O São Paulo, que nada de extraordinário fazia, seguia aproveitando os reiterados e recorrentes vacilos paranistas que, pelo placar, já estavam sem ânimo para algo buscar na partida.

Assim os mandantes ampliaram após contra-ataque onde Souza, após um drible, deixou Dagoberto sem marcação para ampliar aos 17min.

Aos 22min, Aloísio, após dividida de corpo com Batista (que pela conjuntura atuou recuado) chutou forte, pelo lado direito da área, e fez seu segundo tento no jogo.

O Paraná Clube, de forma estéril e desesperada (tendo inexplicavelmente entrado Araújo - bom valor, volante e lateral direito - na ala esquerda), buscava atacar, ficando os são-paulinos restritos aos contra-ataques; assim, aos, 33 minutos da etapa final, Leandro marcou e deu números finais à goleada.

Ao final, Hugo, que recém entrara no lugar de Dagoberto, foi expulso por covardemente cuspir em Goiano pelas costas.


MAIS CONSIDERAÇÕES

Face a vitória, os líderes foram aos 50 pontos e os paranistas se encontram novamente "assombrados" pelo risco do rebaixamento, seguindo com 28 pontos, mas, face os seis gols sofridos, caem, pelo critério de "saldo de gols" para o 15° lugar.

O jogo será lembrado por ambas agremiações pelo aspecto histórico. Os são-paulinos lembrarão que Rogério Ceni bateu o recorde de 695 minutos sem sofrer gol em nacionais, superando a marca de Waldir Peres e os paranistas recordarão da maior goleada sofrida por sua equipe em dezessete anos de existência.

O São Paulo jogará na próxima quarta-feira, às 21h45, contra o Atlético-MG no Mineirão e, na quinta-feira, às 20h30, o Paraná Clube receberá, na Vila Capanema, o Náutico.


FICHA DO JOGO:

SÃO PAULO:
Rogério Ceni; Breno, André Dias e Miranda (Júnior); Souza, Hernanes, Richarlyson, Leandro e Jorge Wagner; Dagoberto (Hugo) e Aloísio (Borges). Técnico: Muricy Ramalho.

PARANÁ: Flávio; Daniel Marques, Toninho (Goiano) e Neguette; Alex, Beto, Adriano (Batista), Everton e Élvis; Vandinho e Josiel. Técnico: Lori Sandri.

Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP).
Árbitro: Elmo Alves Resende (GO).
Auxiliares: Aristeu Tavares (Fifa-RJ) e Guilherme Dias Camilo (MG).
Gols: Aloísio (S), aos 27min, Dagoberto (S), aos 33min, Souza (S), aos 37min do primeiro tempo; Dagoberto (S), aos 17min, Aloísio (S), aos 22min, Leandro (S), aos 33min do segundo tempo.
Cartões amarelos: Élvis (P), Adriano (P), Neguette (P).
Cartão vermelho: Hugo (S).