quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Goiás 2 x 0 Paraná Clube

1 - Considerações gerais sobre o Paraná. (Veja se não poderiam ser aplicadas a várias outras agremiações)

Se dissessem pra você que o time do artilheiro isolado do campeonato parou de fazer gols quando veio determinado treinador, o que o amigo pensaria?
Esse time (o qual tinha como ponto forte o ataque e como fraco a defesa) era criticado por levar muitos gols mesmo vencendo e, por isso, buscou arrumar a zaga e, quando assim procedeu, seguiu levando gols mas parou de fazê-los.
O amigo leitor preferiria torcer para um time que sofre gols mas vence ou um time que joga fechado, prejudicando seu bom atacante, limitando-o a poucas jogadas em velocidade que nem sempre saem de trás com qualidade?
A resposta à pergunta anterior é automática. Vencer sempre é aquilo que o torcedor deseja para seu time.
O paranista (que disputou a final estadual e perdeu, teve boa campanha na Libertadores mas não teve fôlego e experiência para nela seguir, liderou o campeonato, sonhou com o título e com nova vaga à Libertadores) vê a derrocada do seu time na tabela mesmo não jogando suficiente mal como outras agremiações.
Mas... teria essa "queda de rendimento" alguma explicação?
O Paraná perdeu alguns jogadores de qualidade do início do ano até agora e, a contrário do que a diretoria prometera, não contratou reforços.
A política do "monta e desmonta", do "bom e barato" uma hora cobrará seu preço mostrando que nem sempre o barato pode ser bom.
Prova disso é que o time de Zetti sofria gols mas fazia mais do que levava, jogava para frente, sempre buscando o resultado; máxima que foi alterada com Pintado e agora com Gilson Kleina.
O Paraná atual não consegue ainda ter um padrão de jogo porque a preocupação é apenas com o setor defensivo. A "ordem" é não perder, o que não necessariamente importa em vencer.
Esse "não perder" não diz respeito apenas a pontos ou partidas mas sim a valores investidos por "parceiros".
É injustificável a matunenção de Joélson no elenco paranista. O meia-atacante, que tem o segundo maior salário do elenco, não tem futebol para justificar sua permanência em time de primeira divisão. Omisso e preguiçoso quando sem a bola, relapso com a mesma, o "mito" nunca justificou sua contratação mas, segue entrando para, quem sabe, faça um lance digno para ir ao "DVD" e assim, consiga ser negociado.
Em todo "negócio" deve haver a previsão de prejuízo e, em caso deste, deve-se efetuar um procedimento para minorá-lo. A insistência com Joélson soa como deboche ao paranista assim como a contratação do Kleina, o pior treinador paranista em aproveitamento de pontos de toda a história.
É assim, "brincando de fazer futebol", que o Paraná dilapida seus atletas, vendendo, emprestando ou devolvendo os mesmos, sem que se invista nas categorias de base e sem que busquem peças de reposição à altura, nem que seja, do parco nível do futebol nacional atual.
Aliás, a brincadeira vem de longa data. Como pode um time que não tinha dívidas, hoje ter, às vésperas de uma negociação internacional com o artilheiro do campeonato brasileiro?
Que o futebol mudou, que hoje é um "negócio" e que os times nacionais transformaram-se em "vitrines" e balsões de negócio, ninguém mais duvida... mas, e o sentimento do torcedor, do sócio... fica onde? Podem dirigentes terem interesses diversos daqueles cuja instituição representam e, em caso de conflitos, não deveriam esses seguir o "melhor para a entidade"?
Questões dentro e fora das quatro linhas assolam não apenas o Paraná Clube mas a grande maioria das sucateadas agremiações nacionais.
Vontando ao campo, no que tange à questão da "forma de jogo", o Paraná passou, de time que buscava a vitória a equipe que pensa na não derrota. Faz-se aqui, mister o ato de parafrasear Wanderley Luxemburgo: "A vontade de ganhar não pode ser menor que a vontade de não perder".
O Paraná Clube atual é uma equipe que não faz mais gols. Mas segue levando, mesmo com o sistema defensivo estando aparentemente bem. Como explicar isso?
Falta de postura, de personalidade, seja individual como coletiva, tanto dentro como fora do campo.
Desde a saída de Zetti, técnicos sem currículo, mas com "folha corrida" aventuraram-se no tricolor, respaldados por quem não quer pagar um salário decente a um comandante mas que não abrem mão de desembolsar R$ 30.000,00 para alguém que nada acrescenta e que, em caso de venda, terá que partilhar eventuais ganhos com os "parceiros".
Mas e o prejuízo até lá, fica com quem?
Resposta óbvia... com os torcedores, sócios e patrocinadores, que vieram ao clube pelas perspectivas projetadas, pelas metas não cumpridas e desdenhadas por quem deveria estar lutando para conquistá-las, fato que apenas demoverá novos investidores da idéia de parcerias futuras com o tricolor.

2 - O JOGO - Goiás 2 x 0 Paraná

Com um início nervoso as equipes entraram em campo estudando uma o movimento da outra. Nos primeiros momentos o visitante parecia um tanto tímido, nervoso e o mandante buscava ser incisivo. Após os cinco minutos da etapa inicial dois jogadores passaram a destoar positivamente: Paulo Baier do lado goiano e Adriano pelo paranaense.
Baier é a referência de jogo goiana, toda bola precisa passar por ele, é hoje um "10" que faz falta no futebol nacional. O Paraná, bem acertado, após Adriano ter assimilado a falta de ritmo de jogo, passou a controlar a meia cancha impedindo que a bola chegasse ao maestro do oponente, assim, o tricolor do sul dominou a meia cancha e, por ter apertado a marcação e reduzido os espaços do mandante, comprometeu a transição alvi-verde e, se tivesse uma transição mais eficaz e um ataque menos refém de Josiel (que bem marcado pouco rendeu), poderia ter, inclusive, aberto o placar.
O futebol tem suas máximas e, invariavelmente, quem "não faz"... mais uma vez, ao final do primeiro tempo, em negligente aproximação de Nem, o "homem da sobra" paranista, faz duas cargas no avante goiano e, sobre o ato, foi corretamente marcada a penalidade, bem batida por Baier que abriu o placar no Serra Dourada.
O tricolor paranaense, a exemplo do jogo em Porto Alegre, vai para o intervalo com gol sofrido nos acréscimos e sem ter feito nenhum.
Volta a segunda etapa, o Paraná segue melhor na defesa e na meia cancha mas não consegue se aproximar com perigo da meta de Harlei. Kleina, que poderia ter sacado um defensor para melhorar o toque no meio ou o "poder de fogo", saca Márcio Careca, quem não atuava mal, e coloca o inócuo Joélson, com isso, atendendo interesses maiores que a busca pela vitória, prejudicou o elenco, condenando o Paraná à inferioridade numérica, deslocando o meia Éverton para a ala-esquerda.
Alteração até previsível, até pela reiterada má atuação de Joélson, que não auxilia na marcação, não corre para chamar os oponentes, não abre para buscar uma tabela e, quando pode "ligar" um contra-ataque, prefere fazer uma firula sozinho, permitindo que os oponentes se recomponham defensivamente.
Ainda com domínio "espacial" o tricolor promoveu a troca do ala Alex (sumido em campo) pelo lateral Léo Matos, que tem melhor qualidade nos cruzamentos. Tal alteração seria adequada se o Paraná tivesse uma referência de área, o que não ocorre no presente elenco.
Atacando de forma estéril o tricolor viu ainda a entrada de Renan no lugar de Éverton, tendo ido Vina Pacheco para cuidar do setor esquerdo.
Assim, o tricolor, noutro lapso, sofreu o segundo gol em bola parada, tendo Baier cruzado para a cabeçada de André Leone, em falha de marcação da zaga paranista.
Essa foi a tônica do jogo. O Goiás buscava sair por jogo com dificuldades face a boa marcação paranista, em bela noite de Adriano, sobrecarregado pela omissão de Beto, que, mais uma vez demonstra que não pode seguir jogando caso o Paraná algo pretenda atingir neste ano.
A zaga falhou nos dois lances de bola parada, o que demonstra que esse tipo de jogada não parece receber atenção nem defensiva como ofensiva, afinal, há tempos o tricolor não demonstra uma opção de jogada ensaiada.
Vinícius Pacheco fez o que pôde, sempre abrindo e se deslocando, esbarrando na falta de participação da equipe, postada defensivamente.
A lógica indica que uma equipe que não busca o gol adversário tem mais dificuldades de fazer gols do que as demais e, que, quando se dá o campo e a posse de bola ao adversário, assume-se a condição defensiva para a saída em contra-ataque em velocidade, o que, com Renan e principalmente Joélson, nunca ocorrerá.
Até poderiam dizer que o Paraná perdeu jogando melhor; no entanto, tal assertiva esbarra nos números fáticos que demonstraram a ineficácia do ataque tricolor e a falta em vontade de, coerente e inteligentemente, buscar e efetivar o resultado.
O Goiás, embora tenha atuado de forma "inferior", foi mais equilibrado e, como conta com um "10" de verdade, que assumiu a responsabilidade e que, quando pegou a bola foi a referência do jogo, venceu.

Falta postura para o Paraná; quando se "abre mão" da vitória, aceita-se a possibilidade da derrota. O tricolor demonstra estar jogando não para vencer, mas para não perder; diferença fundamental que define a fase atual.

Neste final de semana, em jogo válido pela 17ª rodada, o Paraná receberá em casa o líder Botafogo e buscará voltar a vencer e assim, retornar à luta da vaga pela Libertadores, caso contrário, Kleina (que nesta passagem está com 25% de aproveitamento dos pontos disputados, logo, ainda melhor que na passagem de 2004 quando deixou o tricolor com 20,8%) deverá entregar o cargo... a não ser que ainda sigam achando que ele está fazendo um "bom trabalho", fato que justificou (!?) sua contratação.
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Ficha técnica:

GOIÁS:
Harlei, Amaral, André Leone e Ernando; Fábio Bahia, Cléber Gaúcho (Danilo Portugal), Paulo Baier, Élson e Diego; Fabrício Carvalho (Fabiano Oliveira) e Felipe (Fábio). Técnico: Paulo Bonamigo.

PARANÁ: Flávio; Daniel Marques, Nem e Luiz Henrique; Alex (Léo Matos), Beto, Adriano, Éverton (Renan) e Márcio Careca (Joélson); Vinícius Pacheco e Josiel. Técnico: Gilson Kleina.

Local: Estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO).
Árbitro: Wilson Souza de Mendonça (Fifa-PE).
Auxiliares: Alcides Augusto de Lira Júnior e Jossemmar José Diniz (ambos de PE).
Cartões amarelos: Beto (P) e Léo Matos (P).
Gols: Paulo Baier, aos 45min do primeiro tempo; André Leone, aos 21min do segundo tempo.