Os "vários campeonatos"
O campeonato brasileiro, diferente dos demais, é o único onde, no início da temporada, nenhuma equipe pode ser descartada no que tange à disputa do título, sendo as forças regionais, times já campeões nacionais e de grandes torcidas, sempre os favoritos.
O êxodo de atletas para fora do país contribui para que as agremiações estejam, cada vez mais, niveladas, o que acarreta, às vezes, no paradoxo de, um time “tradicional”, mal administrado, estar disputando rebaixamento com quem dispõe de um orçamento anual até dez vezes menor, somando-se cotas televisivas e patrocinadores. Por outro lado, não raro vemos times de menor expressão nacional, lutando pelas primeiras posições.
No que tange ao brasileirão, já tivemos vários líderes este ano. Paraná Clube e Corinthians, por exemplo, que hoje disputam suas permanências na primeira divisão, já chegaram a ocupar a ponta de cima no início do certame, e o São Paulo, campeão antecipado, esteve, no início do campeonato, nas últimas colocações.
Essa gangorra nas posições se deve muito à má administração das agremiações esportivas. Vários dirigentes desmontam, por interesses alheios às entidades que representam, os elencos do ano anterior, remontando os mesmos para a disputa de uma idiossincrasia nacional, os campeonatos estaduais, de “tiro curto”, competição que marca o início da temporada do futebol no país.
(Nada contra os mesmos, aliás, sou defensor ferrenho não apenas dos estaduais, mas também do que antes existia como as copas regionais e das competições entre seleções estaduais, apenas entendo que, para vingarem, estas deveriam ser mais “enxutas”, ter menos jogos, assim como o próprio nacional, e, que os “times menores” possam ter um calendário para o ano inteiro. Mas isso é motivo para uma outra coluna...)
Após os estaduais, têm início a Copa do Brasil e a Copa Libertadores. Os times que tiveram êxito na primeira competição do ano, muitas vezes não conseguem manter jogadores, seduzidos por propostas nem sempre milionárias, na primeira “janela FIFA”, e terão que, forçosamente, re-adequar seus elencos, de mesmo modo que aqueles mal sucedidos, buscarão reforços nos times menores dos seus estados, visando ficarem mais competitivos.
Em face do exposto vimos que poucos conseguirão começar essas competições em nível adequado.
Então, quando os atletas se entrosam e os times encontram, suas melhores formações no meio do “brasileirão”, vem outra “janela FIFA”, que certamente desfalcará muitas agremiações. E claro, alguns “tradicionais retornados” aparecerão em alguns times.
E apesar de tudo isso, algumas entidades melhor administradas conseguem segurar seus jogadores, não sendo raros são os clubes que chegam até, ao cúmulo de perder um time inteiro em meses, fato que certamente prejudicará suas pretensões.
Pobres dos reles torcedores que se submetem aos desmandos daqueles que populisticamente aparecem junto à massa mas que muitas vezes, administram entidades esportivas num claro conflito de interesses, quase nunca favoráveis àqueles que deveria representar.
Independentemente da questão administrativa, o fato é que, em qualquer rodada, podemos destacar vários campeonatos ocorrendo paralelamente. Atualmente, após a trigésima-quinta rodada do brasileirão temos que o primeiro campeonato foi vencido pelo São Paulo.
Um outro campeonato, é o que definirá os representantes nacionais, juntamente com São Paulo e Fluminense (respectivamente vencedores do brasileiro e da Copa do Brasil de 2007), na Copa Libertadores de América de 2008. Três vagas estão em disputa entre Santos, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras e Grêmio.
Um terceiro embate envolve os que, dos times acima citados, não querem pegar o “consolo” de ir à Copa Sul-americana, e daqueles que querem acabar o ano com algo. Nesta disputa estão os que não conseguiram ir à Libertadores e ainda, Botafogo (que liderou algumas rodadas do campeonato), Atlético(PR), Internacional, Figueirense, Vasco, Sport e Atlético(MG).
As demais agremiações, salvo o já rebaixado América de Natal, degladiam-se para assegurar a permanência na divisão de elite de 2008. Assim, Náutico, Corinthians, Goiás, Paraná Clube e até Juventude, fazem interessante competição.
O futebol envolve emoção. Seja aquela vista nas arquibancadas, nas gerais, seja aquela que os clubes proporcionam aos seus torcedores.
Vejo, às vezes, muitos colegas defendendo a alteração na fórmula de disputa do campeonato brasileiro. Verdadeiro absurdo!
Desde o advento dos pontos corridos, embora a administração do futebol nacional, tanto nacionalmente como no âmbito estadual seja precária, o que se vê são jogos disputadíssimos, imprevisíveis, sendo que, ao final, geralmente os times com melhores dirigentes, os que apostaram no trabalho de seus treinadores e aqueles que revelaram talentos, são os que, invariavelmente, ficam na ponta da tabela.
O retorno às fórmulas antigas importaria num retrocesso tremendo onde, até por se tratar de futebol, um time medíocre e mal administrado, pudesse ter uma seqüência de jogos que até lhe garantisse um título.
O tabela num campeonato de pontos corridos reflete não somente a variedade do futebol nacional mas as ingerências, as falcatruas.
Vejamos o exemplo do Corinthians, vencedor com a MSI e lutando para não cair dois anos depois. Outro a ser lembrado é o Paraná Clube que, após a Libertadores (inclusive tendo passado da fase de grupos dessa competição), desfez, intencionalmente, através de seu gestor (e com a conivência de quem isso hoje renega), um “segundo” time, quatro meses após ter desmontado o elenco que o classificou à maior copa continental, e hoje luta, quase que com “pratas da casa”, pelo direito de seguir na elite do futebol nacional.
(Talvez dirigentes devessem ser, também, rebaixados... mas esses, sequer são responsabilizados civilmente; afinal, o que se vê é que, após a encenação de “teatros de execração”, os mesmos são simplesmente afastados por antigos “amigos” e, a cada vez que isso ocorre, os clubes ficam sem recuperar o que perderam e.. bem, deixemos isso também como tema para outra coluna.)
Não importa o motivo, o fato é que, dentro de um certame disputado pelo sistema de pontos corridos, dificilmente uma “mentira” vingará. Com essa forma de competição, existirão brigas tanto na parte de cima, como na de baixo da tabela. Quem defende a volta ao sistema antigo, defende, equivocadamente, na verdade, uma “suposta emoção” de final. Para isso existe a Copa do Brasil, que deveria, à exemplo de outros países, ser disputada por todos os times do país e não muitas vezes por quem é indicado politicamente como costuma ocorrer.
Particularmente prefiro a forma como ocorre hoje, com os “vários campeonatos” ocorrendo simultaneamente, onde fica clara a constatação acerca de quem tem realmente um planejamento e de quem está brincando, à luz dos holofotes, de fazer futebol.
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Acompanhe também meu trabalho em:
http://radioparanaclube.com.br (coluna, mesa redonda e comentários nos jogos "ao-vivo")
http://falandocomastorcidas.blog.terra.com.br (futebol paranaense)
http://bolaredonda.blog.terra.com.br/ (Futebol nacional e internacional)
http://brasileirao2oo7.blogspot.com/ (Futebol em geral e Paraná Clube)
http://www.futebolpr.com.br (colunista)
http://www.paranautas.com (colunista)
http://www.cadeiaweb.com.br (boletim diário ao vivo sobre os times de Curitiba, a partir das 16:00 hs.)
O êxodo de atletas para fora do país contribui para que as agremiações estejam, cada vez mais, niveladas, o que acarreta, às vezes, no paradoxo de, um time “tradicional”, mal administrado, estar disputando rebaixamento com quem dispõe de um orçamento anual até dez vezes menor, somando-se cotas televisivas e patrocinadores. Por outro lado, não raro vemos times de menor expressão nacional, lutando pelas primeiras posições.
No que tange ao brasileirão, já tivemos vários líderes este ano. Paraná Clube e Corinthians, por exemplo, que hoje disputam suas permanências na primeira divisão, já chegaram a ocupar a ponta de cima no início do certame, e o São Paulo, campeão antecipado, esteve, no início do campeonato, nas últimas colocações.
Essa gangorra nas posições se deve muito à má administração das agremiações esportivas. Vários dirigentes desmontam, por interesses alheios às entidades que representam, os elencos do ano anterior, remontando os mesmos para a disputa de uma idiossincrasia nacional, os campeonatos estaduais, de “tiro curto”, competição que marca o início da temporada do futebol no país.
(Nada contra os mesmos, aliás, sou defensor ferrenho não apenas dos estaduais, mas também do que antes existia como as copas regionais e das competições entre seleções estaduais, apenas entendo que, para vingarem, estas deveriam ser mais “enxutas”, ter menos jogos, assim como o próprio nacional, e, que os “times menores” possam ter um calendário para o ano inteiro. Mas isso é motivo para uma outra coluna...)
Após os estaduais, têm início a Copa do Brasil e a Copa Libertadores. Os times que tiveram êxito na primeira competição do ano, muitas vezes não conseguem manter jogadores, seduzidos por propostas nem sempre milionárias, na primeira “janela FIFA”, e terão que, forçosamente, re-adequar seus elencos, de mesmo modo que aqueles mal sucedidos, buscarão reforços nos times menores dos seus estados, visando ficarem mais competitivos.
Em face do exposto vimos que poucos conseguirão começar essas competições em nível adequado.
Então, quando os atletas se entrosam e os times encontram, suas melhores formações no meio do “brasileirão”, vem outra “janela FIFA”, que certamente desfalcará muitas agremiações. E claro, alguns “tradicionais retornados” aparecerão em alguns times.
E apesar de tudo isso, algumas entidades melhor administradas conseguem segurar seus jogadores, não sendo raros são os clubes que chegam até, ao cúmulo de perder um time inteiro em meses, fato que certamente prejudicará suas pretensões.
Pobres dos reles torcedores que se submetem aos desmandos daqueles que populisticamente aparecem junto à massa mas que muitas vezes, administram entidades esportivas num claro conflito de interesses, quase nunca favoráveis àqueles que deveria representar.
Independentemente da questão administrativa, o fato é que, em qualquer rodada, podemos destacar vários campeonatos ocorrendo paralelamente. Atualmente, após a trigésima-quinta rodada do brasileirão temos que o primeiro campeonato foi vencido pelo São Paulo.
Um outro campeonato, é o que definirá os representantes nacionais, juntamente com São Paulo e Fluminense (respectivamente vencedores do brasileiro e da Copa do Brasil de 2007), na Copa Libertadores de América de 2008. Três vagas estão em disputa entre Santos, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras e Grêmio.
Um terceiro embate envolve os que, dos times acima citados, não querem pegar o “consolo” de ir à Copa Sul-americana, e daqueles que querem acabar o ano com algo. Nesta disputa estão os que não conseguiram ir à Libertadores e ainda, Botafogo (que liderou algumas rodadas do campeonato), Atlético(PR), Internacional, Figueirense, Vasco, Sport e Atlético(MG).
As demais agremiações, salvo o já rebaixado América de Natal, degladiam-se para assegurar a permanência na divisão de elite de 2008. Assim, Náutico, Corinthians, Goiás, Paraná Clube e até Juventude, fazem interessante competição.
O futebol envolve emoção. Seja aquela vista nas arquibancadas, nas gerais, seja aquela que os clubes proporcionam aos seus torcedores.
Vejo, às vezes, muitos colegas defendendo a alteração na fórmula de disputa do campeonato brasileiro. Verdadeiro absurdo!
Desde o advento dos pontos corridos, embora a administração do futebol nacional, tanto nacionalmente como no âmbito estadual seja precária, o que se vê são jogos disputadíssimos, imprevisíveis, sendo que, ao final, geralmente os times com melhores dirigentes, os que apostaram no trabalho de seus treinadores e aqueles que revelaram talentos, são os que, invariavelmente, ficam na ponta da tabela.
O retorno às fórmulas antigas importaria num retrocesso tremendo onde, até por se tratar de futebol, um time medíocre e mal administrado, pudesse ter uma seqüência de jogos que até lhe garantisse um título.
O tabela num campeonato de pontos corridos reflete não somente a variedade do futebol nacional mas as ingerências, as falcatruas.
Vejamos o exemplo do Corinthians, vencedor com a MSI e lutando para não cair dois anos depois. Outro a ser lembrado é o Paraná Clube que, após a Libertadores (inclusive tendo passado da fase de grupos dessa competição), desfez, intencionalmente, através de seu gestor (e com a conivência de quem isso hoje renega), um “segundo” time, quatro meses após ter desmontado o elenco que o classificou à maior copa continental, e hoje luta, quase que com “pratas da casa”, pelo direito de seguir na elite do futebol nacional.
(Talvez dirigentes devessem ser, também, rebaixados... mas esses, sequer são responsabilizados civilmente; afinal, o que se vê é que, após a encenação de “teatros de execração”, os mesmos são simplesmente afastados por antigos “amigos” e, a cada vez que isso ocorre, os clubes ficam sem recuperar o que perderam e.. bem, deixemos isso também como tema para outra coluna.)
Não importa o motivo, o fato é que, dentro de um certame disputado pelo sistema de pontos corridos, dificilmente uma “mentira” vingará. Com essa forma de competição, existirão brigas tanto na parte de cima, como na de baixo da tabela. Quem defende a volta ao sistema antigo, defende, equivocadamente, na verdade, uma “suposta emoção” de final. Para isso existe a Copa do Brasil, que deveria, à exemplo de outros países, ser disputada por todos os times do país e não muitas vezes por quem é indicado politicamente como costuma ocorrer.
Particularmente prefiro a forma como ocorre hoje, com os “vários campeonatos” ocorrendo simultaneamente, onde fica clara a constatação acerca de quem tem realmente um planejamento e de quem está brincando, à luz dos holofotes, de fazer futebol.
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