domingo, 10 de junho de 2007

Superação em vermelho

Vermelho! Muito vermelho no caldeirão alvirrubro. Só não teve branco nos Aflitos, neste sábado, dia 09 de junho de 2007. O caldeirão estava fervendo – mesmo com o menor público ali registrado na serie A, este ano (de 11.226 pagantes).

O sangue subiu até a cabeça de todos. E, o coração batia forte e, por vários momentos, chegava a ficar próximo à boca – em outras, certamente, estava nas mãos do torcedor. E, como um daqueles aparelhos que medem os batimentos cardíacos, onde se vê altos e baixos, o timbu acompanhava o ritmo em campo.

Com o uniforme todo vermelho, a equipe de PC Gusmão pisou no gramado, com Fabiano, Sidny, Cris, Marquinhos, Deleu, Elicarlos, Vagner Rosa, Acosta, Marcel, Felipe e Kuki. E começou arrasador, contra um perigoso Paraná. Antes mesmo dos 15 minutos, a dupla de atacantes da equipe pernambucana havia tido duas claras chances de abrir o marcador. Kuki recebeu uma boa bem no seu estilo e, ao entrar na área, chutou forte, mas o goleiro Marcos Leandro defendeu com o pé. Felipe já sem o goleiro, teve a bola desviada pelo zagueiro.

E, como quem não faz, leva, o tricolor curitibano marcou o primeiro gol, com um chute de fora da área de Neguete. Uma bomba no ângulo do goleiro Fabiano – lembrando o gol de Alex, no Beira Rio, no último jogo – daquela feita, sofrido por Gleguer.

Com 0 x 1 no placar eletrônico do Eládio de Barros Carvalho, o Náutico partiu para cima do Paraná e deu à equipe visitante, a chance de utilizar aquilo que ela tem de melhor – a velocidade nos contra ataques. Uma arma mortal.

Quando o Náutico adiantou os 02 zagueiros, para a área paranista, para Kuki cobrar uma falta, na tentativa do cabeceio dos seus mais altos atletas, no rebote, o Paraná construiu a rápida jogada, que resultaria no segundo gol. E, pouco tempo depois, com o artilheiro Josiel (de cabeça), o terceiro.

O timbu sentiu o golpe e se perdeu em campo. Ninguém imaginaria 3 x 0 para os visitantes, com tão pouco tempo de jogo. E boa parte da torcida se voltou contra o time. Agressões verbais e gestos obscenos desferidos à sua própria equipe, pela torcida, apenas ajudavam a equipe da Vila Capanema – que passava a trabalhar no erro do Náutico. Foi preciso PC mexer no time, colocando Daniel Sobralense no lugar de um atordoado Vagner Rosa.

Contudo, o time vermelho ainda encontrou forças para marcar o importante gol, no primeiro tempo. Kuki bateu o escanteio e Acosta cabeceou para uma espetacular defesa do substituto de Flávio. Marcel pegou o rebote e empurrou para o gol. Renasciam as esperanças. Mesmo assim, ao fim da etapa inicial, a equipe saiu vaiada pela torcida – que ainda gritou cânticos ameaçadores, nas portas do vestiário local. A pressão do caldeirão se voltava contra o próprio “mestre cuca”. Os ânimos estavam a flor da pele. E o aparelho cardíaco fazia: “Bip, bip”, com o monitor subindo e descendo.

Na volta da etapa final, Marcelinho entrou no lugar de Marcel e o timbu partiu para cima. Felipe – que não fazia uma boa partida- diminuiu o placar. Mas, justamente o Sobralense, que entrou no lugar de Vagner, perdeu a bola no meio de campo, para o artilheiro do campeonato, e a reação deu lugar ao desespero. 4 x 2 parecia ser definitivo para a derrota. O monitor cardíaco, a esta altura, desenhava uma linha reta: “Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”.

A entrada de Hamilton, no lugar de Deleu parecia que não iria resolver nada. Era trocar um 6 improvisado por um meia dúzia. Todavia, foi justamente numa cobrança de falta, que o zagueiro paranaense meteu a mão na bola, dentro da área. Pênalti.

Sem Marcel em campo, Acosta foi o encarregado da cobrança. E, como tivesse um desfibrilador em suas chuteiras, o uruguaio cobrou com perfeição, diminuindo a vantagem no placar. O monitor cardíaco acusava que o timbu ainda estava vivo: “Bip. Bip. Bip”.

Aos 40 minutos do segundo tempo, o mesmo Betito Acosta driblou para lá, driblou pra cá e chutou de fora dá área, empatando um jogo que estava, há muito, perdido. 4 x 4, como se fosse um carro com tração, o timbu soube superar, em campo, todas as dificuldades que encontrou. E, mesmo com a expulsão do guerreiro Acosta (que tomou 02 amarelos), ficou a impressão que poderia chegar até a virada, se tivessem mais 10 minutos de jogo.

A raça demonstrada pelo time de PC Gusmão devolveu a torcida, para seu lado. E, ao final do jogo, o empate teve um sabor de vitória – embora tenha sido ruim pela perda de 04 pontos (dos 09 disputados nos Aflitos).

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