segunda-feira, 14 de maio de 2007

"Quebra de paradigmas", por Wagner Ribas

O Japão, por muitos anos, foi conhecido pela baixa representatividade comercial que tinha perante o cenário internacional de negócios. Mas isso tinha um motivo, pois quando pensava-se em produto japonês, logo vinha a cabeça a baixíssima qualidade e pouca durabilidade.

Cansados, os japoneses se uniram em torno de um objetivo. Tornar-se referência industrial para o mundo todo, reestruturando seus processos produtivos, potencializando sua qualidade, reduzindo custos, e ainda, aliando tudo isso a processos enxutos, com a uma melhor utilização dos materiais e mão de obra disponíveis.

Sem dúvida uma tarefa um tanto quanto difícil, já que o mais importante seria quebrar um paradigma cultural. Ou seja, seria necessária a criação, em primeiro lugar, em seu povo, de uma mentalidade onde os processos de melhoria pudessem ser feitos rotineiramente. Estabelecer critérios e padronizar processos afim de transformar uma economia antes despreocupada com qualidade, buscando uma maximização de resultados. Depois disso, outra, e também determinante mudança, teria que ser feita. Como quebrar o paradigma, em relação ao mercado consumidor, de que os produtos japoneses passaram a ser dotados de grande qualidade, sendo produzidos para dar resultados eficientes e duradouros?

Com implementações constantes e vagarosamente, o Japão conseguiu alcançar o patamar desejado. Hoje, além de ter tornado-se uma das maiores potências industriais no mundo, seus métodos servem de referência, seus produtos são considerados de primeira qualidade e o nível de vida de sua população cresce abruptamente. Mas quem pensa que após alcançar seu objetivo, os nipônicos deram-se por satisfeitos, está enganado. Existe uma filosofia chamada Kaizen, que traduzida significa melhoria contínua, na qual há uma conscientização de que uma coisa nunca está tão boa que não possa ser melhorada. Uma idéia de melhoria nunca é tão estúpida que não possa trazer algum benefício. Até mesmo pelo pouco espaço físico disponível naquelas bandas, tudo é aproveitado e avaliado.

Paradigmas, que nada mais são do que as normas e modelos criados sobre um assunto ou opinião, são quebrados diariamente. Pessoas mudam e aceitam as mudanças da mesma forma com que criam e executam novas idéias. Frases como: “Isto não vai dar certo”, ou, ”Sempre fiz isso dessa forma e acredite, é a forma correta” não são aceitas. Nada é tão bom que não possa ser melhorado, e uma idéia somente será boa se colocada em prática. Assim, essa filosofia, há tempos, tem se espalhando pelo mundo todo.

Por um tempo, criou-se no Atlético uma estrutura pró-crescimento. As bases para mudanças de conceitos e quebra de tabus foram erguidas. Alguns paradigmas foram quebrados, assim como algumas barreiras foram ultrapassadas. Experimentou-se um gosto de vitória do qual jamais imaginou-se nos anos 90 e em tempos anteriores. Mas como bem diz a filosofia Kaizen, nada é tão bom que não possa ser melhorado.

O Futebol, embora seja necessário profissionalismo na administração, é movido pela paixão, e com o tempo, criaram-se novos paradigmas que precisam ser quebrados.

Ao contrário do que se pensa, o torcedor exerce influência importantíssima para a vitória, criando clima favorável aos jogadores. O ingresso está caro, e mais promoções como a Copa do Brasil devem ser feitas. A razão de um clube de futebol são conquistas de campeonatos, e não o de títulos de marketing. Não que o título de marketing não seja importante, muito pelo contrário. Porém, um maior investimento no departamento de futebol, focando-se em conquistas, seria o agente criador e facilitador da lembrança da marca no mercado.

A filosofia de melhoria contínua não faz mal a ninguém. E uma análise sobre questões que parecem estar dando certo, precisam ser feitas da mesma forma e profundidade que a reestruturação de coisas que caminham para o lado errado. Nada é tão bom que não possa ser melhorado ou modificado, e uma idéia, por mais estúpida que possa parecer, nunca dará resultado se não for posta a prova.

É hora de quebrar paradigmas, Atlético! A mudança de planos e conceitos não fere o ego. Afinal, na administração, o resultado que hoje está bom, amanhã pode ser melhor ainda.

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